Universo materno

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Fase Oral? Fase Anal? Que fase?


Por Adalene Sales


Uma das preocupações de Freud, no fim da sua vida, era o alcance que a Psicanálise viria a ter no futuro. Uma preocupação paradoxal porque ao mesmo tempo que ansiava para que a Psicanálise fosse reconhecida (teórica e clinicamente), ele temia a Psicanálise Selvagem .
Ele jamais imaginou o estado atual da difusão dos conceitos da Psicanálise. Com uma mãozinha da tecnologia, cada vez mais as pessoas têm acesso à teoria.


Certo dia, uma participante da comunidade Pediatria Radical criou um tópico para perguntar quando inicia a fase anal. Descreve o comportamento da filha de sujar as mãos com o cocô, e pergunta: é só uma curiosidade? Ou já é início da transição entre a fase oral e anal?


A princípio, compreender esses comportamentos infantis como naturais e reconhecê-los como etapas do processo de desenvolvimento é de imensa utilidade: as mães ficam mais tranqüilas sem achar que está diante de um distúrbio de comportamento, e os filhos mais livres para prosseguir no seu ritmo. Mas, a pergunta que sempre me ocorre diante dessa situação de localizar o momento do filho dentro das fases psicossexuais é: qual a utilidade prática disso?

O risco dessa interpretação da fases psicossexuais é desnaturalizar a relação da mãe com o filho. Sou a favor do agir naturalmente. Quando o adulto quer controlar, saber tudo, ajudar, pemitir, facilitar, enfim, se meter, acaba criando problemas desnecessários.

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